Governo tenta criar um falso PCV subordinado às suas políticas neoliberais

O Governo de Nicolás Maduro propiciou no passado domingo, 21 de maio, um evento fraudulento para “construir um falso positivo” com o objetivo de “desconsiderar os legítimos processos decisórios no seio do Partido Comunista da Venezuela e tentar, através de medidas administrativas ou judiciais, colocá-lo ao serviço da sua política neoliberal”, denunciou esta segunda-feira o secretário-geral do Comité Central do PCV, Oscar Figuera.

Um dia antes, a direção do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) realizou um falso congresso para promover a intervenção do PCV. Esta foi a nova fase de um plano de assalto que começou após o aprofundamento da linha de confronto e dissociação do PCV das políticas antioperárias, antipopulares e antinacionais do governo Maduro, explicou Figuera num comunicado à imprensa.

“A Conferência Nacional de fevereiro de 2018 exigiu um compromisso do candidato Nicolás Maduro. Foi assinado um acordo unitário que nunca foi implementado. Os processos de confronto e demarcação tornaram-se mais agudos e tiveram um momento importante nas eleições para a Assembleia Nacional de 2020, quando o Partido Comunista exige que o Governo Nacional discuta a sua política para continuar a acompanhá-lo no campo eleitoral. Eles recusaram-se a discutir a política e o Partido Comunista decide então promover um processo diferente; um processo de construção de uma alternativa popular e revolucionária”, disse o dirigente do PCV.

A partir daí, lembrou Figuera, desenvolveu-se “uma linha de ataque liderada pelo presidente Nicolás Maduro”, que resultou em censura e cerco mediático, além da violação dos direitos políticos do PCV.

Para as eleições regionais de 2021, o Partido Comunista da Venezuela foi a organização que foi desqualificada sem qualquer justificativa, o maior número de candidaturas na Venezuela diante do silêncio cúmplice de instituições do Estado como o Conselho Nacional Eleitoral, a Procuradoria-Geral da República e até o Supremo Tribunal de Justiça.

Nova fase do plano de assalto

Figuera detalhou que o plano de assalto contra o PCV foi executado em diferentes etapas: “A primeira foi tentar criar condições para que o 16º Congresso Nacional do Partido, organizado em novembro do ano passado, expressasse uma fratura que lhes permitisse agir como fizeram com outras organizações, como a Pátria Para Todos ou a Ação Democrática”.

“Como isso não foi possível e o Partido Comunista saiu coeso, unido com uma política clara que visava impulsionar a luta do povo venezuelano e promover os processos de reagrupamento das forças genuinamente revolucionárias e de base popular, passaram para a segunda fase”, apontou o secretário-geral do PCV.

Esta etapa consistiu na interesseiro de “um grupo de mercenários, de gente a soldo, de militantes do PSUV e funcionários públicos” que, sob a liderança de Diosdado Cabello e com financiamento de recursos do Estado, percorreram o país oferecendo aos militantes do PCV “regalias, cargos, dinheiro, sacos de comida, casas, veículos”, mas foram rejeitados.

Perante o fracasso do grupo criado por Diosdado Cabello em recrutar militantes comunistas, “começaram a procurar outras pessoas e foi isso que se viu ontem: um congresso fraudulento com uma presidência cujos membros não pertencem ao Partido Comunista da Venezuela”, disse Figuera.

O secretário-geral do PCV deu detalhes de cada um dos membros da diretriz do falso congresso em que se destacam militantes conhecidos do PSUV, funcionários do CNE no estado de Monagas e até um vereador do partido do governo “Somos Venezuela” no estado de Barinas.

Por que estão a tentar assaltar o PCV?

“Com esta ação tentam impedir que o Partido Comunista continue a cumprir o seu papel de força de classe ao serviço da luta do povo venezuelano e da classe trabalhadora; impedir que o Partido Comunista da Venezuela continue a promover a ampla unidade da ação operária para fortalecer os processos de organização e luta do povo venezuelano; para impedir que o Partido Comunista continue a trabalhar no reagrupamento das forças revolucionárias”, explicou Figuera.

O PCV reconheceu as importantes manifestações de solidariedade recebidas do povo venezuelano, das suas organizações, de intelectuais, de movimentos revolucionários e também de correntes internacionais, de Partido Comunistas Operários em todo o mundo.

“A todos eles, o Partido Comunista envia a sua mensagem de gratidão, compromisso e garantia de que, independentemente do que fizerem as lideranças no poder, o Partido Comunista continuará a cumprir o seu papel, acompanhando e promovendo as lutas do povo venezuelano”, concluiu.

Caracas, 22-05-2023 (Redação de Tribuna Popular, órgão informativo do CC do PCV)


http://www.solidnet.org/article/CP-of-Venezuela-Government-tries-to-create-a-false-PCV-subordinated-to-its-neo-liberal-po

Foto: Venezuela: comunistas destacam valor do levante de 4 de fevereiro – Vermelho